quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Conversas de Desabafo

E como se costuma dizer: os dias não são todos iguais.
Assim, as pessoas também não.
Esta conversa é digna de pena, mas quantas vezes não se repetirá?

Já me apercebi, que na generalidade as pessoas não conseguem conversar das coisas mais banais, com quem estão relacionados, e isto devido a vários factores.
Por isso, penso que estarem resguardados na Net de uma forma virtual, podem efectivamente desabafar porque nunca serão reconhecidos no exterior.
Mas também questiono, se tudo o que escrevem no Perfil e depois desabafam no Papo On-line é 100% certo.
Mas passemos á conversa em concreto.

Uma jovem de 42 anos, um pouco acima do peso, que mora num dos dormitórios de Lisboa - o Barreiro, conta-me que está divorciada já há algum tempo, que tem dois filhos lindos, que estão na altura de lhe darem problemas, mas que viveu sempre em função do marido.
Todos os dias tem de vir de sua casa, para o Lumiar em Lisboa, onde é Auxiliar de Crianças, num infantário.
Não tem carro, e todas essas deslocações são em transportes colectivos. Por dia, gasta mais de três horas em viagens de ida e volta.
Após a primeira conversa que tivémos no Papo On-line, passámos para o Msn.
Num fim-de-semana que estava sózinha em casa, porque os filhos foram passar esses dias com o pai, e já no adiantado da hora, começa após insistência minha a falar sobre tudo o que lhe aconteceu.
O marido até não tinha sido mau de todo, era um agente da autoridade e fazia com regularidade deslocações de vários meses, para os cenários de guerra, onde Portugal se encontra a colaborar.
Numa das últimas deslocações, ele passou a ter uma relação mais forte com uma colega do trabalho, e naturalmente ela ficou em segundo plano.
Ela descobriu a situação e colocou-lhe "os trapinhos á porta".
Resolveram o problema monetário e os restantes problemas legais, e estão agora divorciados.

Até aqui nada de novo. Acontece esta situação a muita gente.

O estranho nesta rapariga de 42 anos, é que trabalha para viver, para sustentar os filhos, e o tempo não lhe chega para o descanso merecido.
Ao fim-de-semana, podia espairecer indo de carro para outros locais, mas como não o tem, fica "encarcerada" em casa.
Quando é que ela poderá viver para ela, e arranjar alguma companhia para a velhice que se aproxima.
E não há pior do que a solidão quando chegarmos á reforma.

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